terça-feira, 24 de julho de 2007

eis como me reconheço ..


. Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte !

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recordam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte !

Árvores ! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa !

Árvores ! Não choreis ! Olhai e vede :
- Também ando a gritar, morta se sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água !

. Florbela Espanca

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